Texto: Thaís Melo
A literatura de cordel teve início na Europa e foi fundamental para popularizar o Romantismo. Trazida pelos portugueses para o Brasil, ela ganhou força no nordeste brasileiro entre os anos de 1930 e 1960. Por aqui, ela ganhou uma identidade própria e passou a falar sobre elementos da cultura brasileira e da vida dos nordestinos. Atualmente ela já é tão enraizada no país que é um símbolo da cultura nordestina e faz parte da nossa história.
Além disso, a literatura de cordel contribui para se transmitir histórias e elementos que compõe a identidade histórica e cultural do povo nordestino de forma mais simples. Simplicidade essa que acaba impactando mais as pessoas, pois o cordel acaba chamando mais atenção do que um livro didático de história por exemplo.
O nome “cordel” vem da forma que essas histórias ficam expostas para a venda, pois geralmente são presas em cordas. Feita em versos, a literatura de cordel se destaca e foge dos padrões tradicionais de literatura que costumamos conhecer. Ela é sempre vendida em folhetos pequenos toda feita em versos e com xilogravuras (gravuras esculpidas na madeira e depois passadas para o papel) na capa e também em algumas de suas páginas acompanhando as prosas. Esse tipo de expressão cultural se tornou tão relevante e simbólico no Brasil que temos até uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel fundada em 1988.
Um ponto importante para se atentar nesse tipo de literatura é como ela é carregada de regionalismo. Em suas rimas são abordados costumes locais, histórias enraizadas no folclore da região e isso só fortalece e ajuda a preservar a cultura local. Leandro Gomes de Barros é considerado o primeiro a escrever esse tipo de literatura no país, tendo criado mais de 240 cordéis. Algumas de suas histórias, inclusive, foram usadas por Ariano Suassuna para fazer a peça “Auto da Compadecida”, que posteriormente virou série e filme e é um sucesso do audiovisual nacional. Os cordéis usados por Suassuna foram “O testamento do cachorro” e “O cavalo que defecava dinheiro”.
A relevância da literatura de cordel é tanta que ele é reconhecido como patrimônio cultural imaterial. E já inspirou até uma novela da maior emissora do país. A novela “Cordel encantado” transmitida pela TV Globo em 2011 tinha sua abertura toda feita com xilogravuras e o nome “cordel” estava no próprio título da obra, passada no sertão brasileiro e narrada como se fosse um conto de fadas com influência da literatura de cordel a trama foi considerada inovadora e fez sucesso na época de sua exibição.
Servindo para ajudar a preservar e difundir a cultura nordestina e também para entreter e inspirar, a literatura de cordel já faz parte da nossa história. Com uma linguagem simples e encantadora, essa arte não só criou uma profissão nova “os repentistas” que são aqueles que fazem os cordéis e podem ser comparados aos trovadores medievais. Os estados onde esse tipo de literatura é mais popular são: Pernambuco, Ceará, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte. Mas brasileiros de todas as partes do país sabem reconhecer e apreciar esse tipo de obra que é estudada nas escolas de todo o Brasil dada a sua relevância cultural.