Texto: Thaís Melo
O que não falta no Brasil são mulheres fortes e talentosas que ao longo da história revolucionaram as suas áreas e deixaram sua marca na cultura brasileira. Se hoje as mulheres ainda enfrentam diferenças de tratamento pelo seu gênero, disparidade salarial, assédio, e muitas vezes falta de reconhecimento da sua capacidade dentre outras coisas. Antigamente era ainda pior e elas tinham ainda menos direitos.
Ainda assim, algumas mulheres conseguiram fazer o seu trabalho com excelência e colocar seus nomes na história da cultura brasileira. Mesmo tendo histórias bem distintas essas mulheres têm em comum a força e a genialidade. Com seu talento elas de uma maneira ou de outra conseguiram revolucionar a cultura com as suas formas de arte e suas histórias de vida.
E claro, que com tantas artistas brasileiras incríveis e relevantes tivemos que separar só algumas e por isso vários nomes importantes vão ficar de fora. Mas em breve podemos fazer outras matérias elencando mais nomes importantes.
Chiquinha Gonzaga (1847-1935)
Nascida no Rio de Janeiro, Francisca Edviges Neves Gonzaga, ganhou notoriedade com o nome de Chiquinha Gonzaga. Ela era compositora, instrumentista e maestrina. Chiquinha foi uma pioneira da música, pois foi a primeira mulher a ser uma pianista chorona (musicista de choro). Ela foi ainda a primeira compositora de uma marchinha de carnaval no Brasil a famosa “Ó Abre Alas”, composta por ela em 1899.
Em um período onde a música era elitizada e o comum eram as valsas e tangos, ela buscou inspirações diferentes. E incorporou a diversidade de outros ritmos musicais que eram atrelados as classes mais baixas em suas composições. Ela foi também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e lutou pela regulamentação dos direitos autorais no país.
Ruth Rocha (1931- atualmente)
Ruth Machado Lousada Rocha nasceu em São Paulo. Formada em Sociologia Política ela atualmente é um membro da Academia Paulista de Letras. Conhecida apenas como Ruth Rocha ela ficou famosa devido aos seus livros infanto-juvenis. Vencedora do Prêmio Jabuti em 1990 e do Prêmio ABL de Literatura Infantojuvenil em 2001.
Ela já escreveu artigos sobre Educação na revista Cláudia, mas foram seus livros que a destacaram. O mais famoso deles “Marcelo, Marmelo, Martelo” de 1976 deve ser adaptado para o audiovisual em breve e já vendeu mais de um milhão de exemplares. Aos 91 anos de idade ela já se tornou um renomado nome da literatura para crianças com mais de 200 títulos publicados e já escreveu até livros encomendados pela ONU tamanha é a sua capacidade de educar através de suas histórias.
Carolina Maria de Jesus (1914-1977)
A mineira Carolina Maria de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras a ganhar reconhecimento no Brasil. Considerada uma das mais importantes autoras do país ela tem além de um talento inegável para a escrita, uma história de superação. Nascida em 1914 em uma comunidade rural de Minas Gerais e filha de pais analfabetos, ela só foi frequentar a escola com sete anos. Mas saiu poucos anos depois após ter aprendido a ler e escrever. Mesmo com o pouco estudo, ela já havia desenvolvido gosto pelas palavras.
Após a morte de sua mãe ela migrou para São Paulo e lá se instalou na favela do Canindé onde viveu por anos sustentando a si mesma e aos seus três filhos trabalhando como catadora de papéis. Mesmo com a vida difícil ela gostava de escrever e por isso mantinha diários. Um desses diários se tornou anos mais tarde o seu livro mais famoso intitulado “Quarto de despejo: Diário de uma favelada” publicado em 1958. Além de escritora ela também era cantora, compositora e poetisa. Com seu livro tendo sido traduzido para catorze idiomas diferentes ela mostrou que apesar das suas origens humildes foi capaz de realizar seus sonhos com seu talento e persistência.
Clarice Lispector (1920-1977)
A escritora e jornalista brasileira Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1925. Embora não tenha nascido no Brasil ela veio para o país ainda criança em 1922 e se considerava brasileira. Clarice a princípio estudou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas como percebeu ter mais apreço pelo meio literário logo começou a trabalhar como tradutora. Aos 19 anos ela publicou o seu primeiro conto na revista Pan intitulado “Triunfo”. Depois ela se tornou escritora, jornalista, filósofa dentre outras coisas.
Com uma personalidade marcante e uma escrita igualmente singular ela se tornou uma das mais influentes escritoras brasileiras. Com um estilo narrativo próprio ela conquistou e ainda conquista leitores até hoje. Entre livros, crônicas e contos ela marcou a história da literatura brasileira e é uma grande referência de escrita até os dias atuais.
Tarsila do Amaral (1886-1973)
Considerada uma das maiores artistas latino-americanas do movimento modernista Tarsila do Amaral foi uma pintora, desenhista, ilustradora, escultora, cronista e tradutora brasileira. Nascida no interior de São Paulo em 1886 ela nasceu em uma família rica em um período onde as mulheres não eram incentivadas a terem ambições relacionadas às suas carreiras. Mas Tarsila teve apoio para seguir nos estudos e quando viajou com a família para a Espanha aproveitou para estudar novas técnicas de pintura, ela também chegou a estudar na França por um tempo.
Quando regressou para São Paulo em 1922 ela conheceu um grupo de figuras importantes para a arte, em parceria com eles Tarsila formou o grupo que ficou conhecido como “Grupo dos Cinco”. Junto deles no mesmo ano ela participou da Semana de Arte Moderna de 1922, evento que mudou a arte no país. Misturando suas técnicas aprendidas na Europa com referências claramente brasileiras ela tinha seu estilo próprio de pintura e seu nome entrou para a história da arte moderna brasileira. Sua obra mais famosa é o Abaporu de 1928.
