Texto: Thaís Melo
Grande Otelo é o pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata. Nascido em Minas Gerais na cidade de Uberlândia, ele iniciou a sua carreira artística no circo quando ainda era criança, com sete anos de idade, se apresentou pela primeira vez. Tendo perdido o pai com apenas dois anos de vida e tendo sido dado por sua mãe aos oito anos. Ele foi de Minas para São Paulo ainda pequeno e ficou sob os cuidados de Abigail Parecis que tinha uma companhia de teatro.
Lá ele participou da Companhia Negra de Revistas em 1927, e mesmo tendo chamado a atenção por seu talento isso não durou muito tempo. Após algumas fugas e idas ao Juizado de Menores, ele ficou mudando de tutor até que foi adotado pela família do político Antonio de Queiroz. Entre as décadas de 1930 e 1950 ele participou de diversas peças de teatro. Chegou também a fazer parte da Companhia Jardel Jércolis e se destacou no teatro de revista.
Otelo passou a vida toda nos holofotes, se tornou ator, comediante, cantor, compositor e produtor. Fez parcerias memoráveis nos palcos e também no cinema como as que teve com Oscarito e com Vera Regina posteriormente. Brilhando em filmes como “Macunaíma” de 1969 ele participou de grupos de teatro compostos apenas por atores negros e mesmo que tivesse tido uma vida difícil desde a infância e períodos de crise na carreira sempre se manteve atuando e fazendo as pessoas rirem.
Na década de 60 foi contratado pela TV Globo e esteve no elenco de diversas novelas como “Uma rosa com amor” de 1972 e “Sinhá Moça” de 1986. Além das telenovelas ele também esteve no elenco da “Escolinha do Professor Raimundo” ao lado de grandes nomes do humor brasileiro.
Seu último trabalho na televisão foi na novela “Renascer” em 1993. No mesmo ano aos 78 anos de idade ele faleceu vítima de infarto fulminante quando estava em Paris na França. Mesmo com várias tragédias marcando a sua vida como ter tido o seu filho assassinado pela própria mãe quando ainda era criança, ele nunca perdeu o seu dom de fazer as pessoas sorrirem.
Tendo tido três casamentos, ele teve quatro filhos e um deles chamado José Prata seguiu os passos do pai e se tornou ator. Infelizmente sua carreira não foi tão duradoura quanto a de seu pai. Mesmo não estando mais vivo o legado de Grande Otelo permanece. Existe até uma fundação com o seu nome que é a responsável pelos direitos de todas as obras e pela imagem do ator.
Com uma vida inteira dedicada a arte, Grande Otelo, inspirou muitos atores e comediantes, levou alegria para muitas pessoas e deixou um legado precioso. Sua vida gerou um livro, um documentário e até um espetáculo teatral. Nada mais justo do que contar a vida de alguém que respirava arte de forma artística.
