Com as redes socais leitores passam a ser chamados de “bookstans” e hábito de ler vira tendência entre os jovens

Texto: Thaís Melo

Com a pandemia de Covid-19 que começou no início de 2020 e durou anos, muitos jovens passaram a sair menos e ficar a maior parte do tempo em casa, com isso encontraram como entretenimento os livros. Embora, o hábito de ler não seja novidade para ninguém, o diferencial é a forma como a geração mais nova consome esse tipo de entretenimento.

Eles não apenas leem, mas também falam disso nas redes sociais e são bem engajados. Usando plataformas como o Tik Tok, Instagram, Twitter e Youtube para falar sobre livros. Esses jovens não são como os leitores que víamos nas gerações anteriores. Denominados “Bookstans” eles são realmente comprometidos com as suas leituras, leem sagas inteiras e geralmente produzem conteúdos sobre essas leituras para as redes sociais.

Muitos viram influenciadores com foco em livros. A força dessa tendência de se falar de livros nas redes sociais é tanta que muitos livros antigos voltaram a ter hype graças ao sucesso nessas redes, autores voltaram a ter relevância e até continuações de livros foram escritas especialmente por causa do sucesso que o livro anterior tinha feito nas redes socais.

Foi o caso, por exemplo, do livro da autora norte-americana Colleen Hoover “É assim que acaba”, o livro que fala sobre violência doméstica foi lançado em 2016, mas voltou a ser muito falado durante a pandemia. Com o sucesso que a obra fez principalmente devido a divulgação orgânica que ela teve no Tik Tok, a obra voltou para a lista de mais vendidos e a autora até escreveu uma continuação que não estava prevista só para agradecer aos novos fãs. Em 2022 a continuação intitulada “É assim que começa” foi publicada e também virou um sucesso.

Com isso, o caminho não poderia ser outro, os direitos de adaptação foram adquiridos e um filme baseado no primeiro livro já está sendo gravado tendo a atriz Blake Lively como protagonista. E esse é só um dos exemplos, pois outras obras que voltaram a fazer sucesso durante a pandemia também seguiram o mesmo caminho, como o livro LGBTQIAPN+ “Os dois morrem no final” de 2017 escrito por Adam Silvera, que com o sucesso durante a pandemia entrou na lista de mais vendidos e deixou de ser um livro único para se tornar uma trilogia. “O primeiro a morrer no final” foi publicado em 2022 e o autor já está escrevendo o terceiro livro da trilogia.

Autores brasileiros também foram beneficiados por essa tendência como Itamar Vieira Junior que teve o seu livro “Torto Arado” de 2019 sendo um sucesso e muito falado nas redes sociais. Assim como a autora Carla Madeira que viu o seu livro escrito em 2014 “Tudo é rio” explodindo em popularidade durante esse período de pandemia. Ambas as obras já tiveram os seus direitos adquiridos e vão ser adaptadas para as telas. Com isso, as obras lançadas posteriormente por esses autores também foram um sucesso de vendas, pois já tinham os seus fãs conquistados com as publicações que tiveram hype durante a pandemia.

Mas do que apenas ler, com as redes sociais os bookstans criam tendências literárias, fazendo obras esquecidas voltarem a fazer sucesso, gerando continuações e até adaptações audiovisuais dessas obras. Isso se deve aos estúdios gostarem de produzir os filmes ou séries sabendo que já vão ter um público garantido que irá assistir e falar das obras nas redes sociais por já serem fãs dos livros.

Com tantas coisas ruins que a pandemia nos trouxe, pelo menos ajudar para que os jovens da geração Z passassem a criar o hábito de leitura não foi uma delas. O que ninguém esperava é que essa nova leva de leitores passaria a influenciar o mercado editorial e até mesmo o mercado audiovisual.

 

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