Texto: Thaís Melo
Na década de 70 surgiu no país um movimento artístico e cultural que tinha como objetivo valorizar e exaltar as artes populares nordestinas. Visando criar uma arte que tivesse a cara do Brasil e se inspirando nas raízes populares do Nordeste esse marco ganhou o nome de Movimento Armorial.
Um dos criadores desse movimento foi o escritor Ariano Suassuna. Utilizando variadas formas de expressão artística como: dança, música, teatro, artes plásticas, gravura, tapeçaria, cinema, literatura, escultura e até arquitetura. O Movimento Armorial não especificava o tipo de arte, o que importava era realmente transmitir a cultura nordestina por meio da arte, independente de qual fosse ela.
Embora Suassuna seja o principal nome do movimento outros artistas também ajudaram na sua idealização, como por exemplo, o escritor Raimundo Carrero. De acordo com Carrero a primeira obra a fazer parte dessa vertente artística foi o livro de 1971 escrito por Ariano Suassuna “Romance da Pedra do Reino”. Com a repercussão desse primeiro romance no meio da literatura brasileira, o movimento ganhou força para que mais obras surgissem.
Tendo como inspiração o trabalho de Suassuna outros artistas nordestinos embarcaram no movimento e isso foi ganhando uma proporção a princípio local, mas que com o tempo foi se expandindo. A Universidade Federal de Pernambuco levou o movimento para o meio universitário e posteriormente a Prefeitura do Recife e a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco também passaram a apoiar e reconhecer o movimento.
Uma grande inspiração para esse movimento foi a Literatura de Cordel que já está no imaginário popular como um símbolo da cultura nordestina. O mamulengo que é um tipo de fantoche típico do Nordeste e o teatro de bonecos também foram grandes fontes de inspiração para definir as características do movimento.
Usando toda a sua genialidade para dar uma identidade totalmente única para a arte nordestina e ao mesmo tempo difundir a cultura local, Ariano Suassuna marcou a história da arte brasileira. Seu nome já entraria para a história por sua contribuição artística com suas obras, mas ele foi mais além e criou um movimento inteiro.
Nas suas obras é possível notar diversas características típicas do movimento armorial como em “O auto da Compadecida”, por exemplo, que trás na sua estética, na sua história e na sua narrativa diversas peculiaridades e simbologias presentes na cultura nordestina. Um verdadeiro revolucionário que com suas palavras e ideias brilhantes reinventou a arte nacional e ainda foi fonte de inspiração para diversos artistas.
